Dança em Rede

A Morte do Cisne

  • Categoria: Coreografias
  • País de origem: Rússia
  • Cidade de origem: São Petesburgo
  • Ano de criação: 1905
  • Duração: 3
  • Grupos de estreia: coreografia solo criada para a bailarina Ana Pavlova
  • Autores: Michel Fokine
  • Remontagens: O trabalho, criado para Ana Pavlova, teve diversas versões posteriores, e ainda hoje é dançado. Mais importante do que as companhias que o receberam, seguem os nomes da algumas intérpretes que ficaram reconhecidas por suas versões:

    Maya Plisetskaya
    Alicia Markova
    Galina Ulanova
    Natalia Makarova
    Svetlana Zakharova
    Uliana Lopatkina

Histórico

Michel Fokine se formou no teatro Maryinsky em 1898, em 1902 torna-se primeiro solista e professor, assumindo em 1904 o cargo que fora de Petipa, de Diretor do Ballet do Teatro Maryinsky. Ele é um expoente de uma nova geração de bailarinos russos, que preferia esculpir os corpos e trabalhar novas qualidades de movimento, flexibilidade e plasticidade, ao invés de se prender a repetição de passos e truques de bravura que caracterizaram a Escola Acadêmica. Do início de sua carreira é o Ballet Les Sylphides, originalmente chamado de Chopiniana (1907), uma proposta de desenvolvimento lírico, romântico e abstrato, sem uma linha narrativa. Anterior a ele se destaca a coreografia A Morte do Cisne. Em 1909, Diaghilev convida Fokine para coreografar para sua companhia, os Ballets Russes, encomendando o que seria o primeiro ballet verdadeiramente russo, O Pássaro de Fogo, composto por Stravinsky a partir de estudos etnográficos de canções nativas russas. Em 1911, Fokine coreografa O Espectro da Rosa, um ballet curto e com papel principal masculino, que é uma das principais referências para a volta dos trabalhos de bailarinos (homens) em cena, considerando que na mesma época, na França, os palcos eram dominados por figuras femininas, mesmo nos papéis masculinos. No mesmo ano, ele coreografa Petruchka, um ballet criado a partir de histórias populares russas. Durante a produção desse ballet houve um conflito de Fokine com a trilha sonora de Stravinsky, que lhe parecia revolucionária demais, e a movimentação de Nijinsky, que era mais fragmentada e deslocada do que ele pretendia. Em 1912, em carta à sua mãe, Stravinsky menciona acreditar que Fokine já estaria acabado, ultrapassado enquanto artista. No mesmo ano, Diaghilev eleva à posição de coreógrafo principal o bailarino Nijinsky. Fokine volta a trabalhar com o Teatro Imperial, e, em 1920, vai para os EUA, abrindo uma escola sua. Ele trabalha ainda com diversas companhias e abre outras escolas, morrendo em Nova Iorque, em 1942. Fokine defendia uma reforma do Ballet Clássico, que ele explica textualmente tratando dos Cinco Princípios do Novo Ballet: a correspondência entre o estilo de dança e o tema de cada coreografia, a necessidade de expressão da ação dramática, a pantomima sendo usada apenas quando pertinente ao tema (e sendo feita de corpo inteiro, não apenas gestualmente), o uso de conjuntos para a criação de atmosferas dramáticas, não para decoração, e a aliança entre a dança e as outras artes. A proposta de renovação do Ballet de Fokine existe anteriormente ao trabalho com Diaghilev, e tem influência direta dos trabalhos de movimentação livre de Isadora Duncan. Aquilo que ele buscava era fazer o ballet voltar a funcionar, pois ele via esta arte como artificializada e acadêmica. Nesse ponto, aquilo que os seguidores de Diaghilev viam nele como ultrapassado era o desejo de dar continuidade à Dança Clássica. Enquanto Fokine queria um Novo Ballet, Nijinsky e Stravinsky queriam uma nova forma, moderna, de dançar.

Sinopse

Coreografada para a bailarina Ana Pavlova, a proposta dessa coreografia era mostrar a possibilidade expressiva da dança como independente dos exageros cênicos e coreográficos aos quais o público se acostumara. Ao invés de inúmeros truques e repetições sem fim de elementos virtuosos, ele propunha a simplicidade cênica e coreográfica, com grande trabalho expressivo.

A coreografia foi composta em poucos minutos, quase que de improviso, com o coreógrafo dançando na frente da bailarina, que o copiava, e na sequência ao lado dela, que refazia a coreografia enquanto ele consertava seus posicionamentos e membros, esquema de trabalho comum para o criador.

A proposta, um cisne se debatendo até a morte, é desenvolvida pela movimentação plástica dos braços e rápida e pequena dos pés, até que o cisne colapse, dê seus últimos suspiros no chão e morra, apelando não apenas ao olhar, como era a tendência acadêmica no Ballet do Maryinsky, então, mas também à imaginação e às emoções.

Bibliografia

Algumas sugestões de leituras e referências acerca da História da Dança:

ANDERSON, Jack. Ballet and Modern Dance: a concise history
ANDERSON, Jack. Dança
AU, Susan. Ballet & modern dance.
BALANCHINE, George; MASON, Francis. Complete Stories of the Great Ballets
BOUCIER, Paul. História da Dança no Ocidente
CAMINADA, Eliana. História da Dança: evolução Cultural
COHEN, Selma Jean. Dance as a Theatre Art
CRAINE, Debra; MACKRELL, Judith. The Oxford Dictionary of Dance
DILS, Ann; ALBRIGHT, Ann Cooper. Moving History / Dancing Cultures: a dance history reader
FARO, Antonio Jose; SAMPAIO, Luiz Paulo. Dicionário de Balé e Dança
KIRSTEIN, Lincoln. Four Centuries of Ballet
KOEGLER, Horst. The Concise Oxford Dictionary of Ballet
PORTINARI, Maribel. História da Dança
SCHOLL, Tim. From Petipa to Balanchine
SORELL, Walter. Dance in Its Time

Videografia

http://youtu.be/jxewIq7DG3A

Verbete editado por:

Henrique Rochelle | SPCD Pesquisa - Atualizado (MARÇO 2021)
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