Dança em Rede

Breaking / B’Boying

  • Categoria: Estilos de danças
  • País de origem: EUA

Histórico

Foto de B´boy por Wallace Chuck no Pexels
Foto de B´boy por Wallace Chuck no Pexels
Na Jamaica, surgiram os Sound Systems, esquemas de som nos porta-malas de carros, que eram colocados nas ruas dos guetos jamaicanos para animar os bailes. Esses bailes serviam de fundo para o discurso dos Toasters, autênticos MC’s (Mestres de Cerimônia), que comentavam, com uma espécie de canto falado, assuntos como a violência das favelas de Kingston e a situação política da Jamaica, sem deixar de falar de temas como sexo e drogas.
No final da década de 1960, muitos jovens jamaicanos foram obrigados a emigrar para os EUA, devido a uma crise econômica e social que se abateu sobre a ilha.
Um deles em especial, o DJ jamaicano Kool Herc, introduziu nos bailes da periferia de Nova York a tradição dos Sound Systems e do canto falado, inspirando, assim, vários DJ’s americanos. Surgiram os MC’s (Mestres de Cerimônia) e os Rappers, que construíam discursos indignados, cheio de referências aos conflitos raciais e sociais. Eram vozes herdeiras da radicalidade dos Panteras Negras que, juntando-se às bases sonoras dançantes e aos efeitos como o scratch, criaram o RAP (Rythm And Poetry, ou Ritmo e Poesia, em português), que eram compostos por uma base musical dançante acompanhado de rimas faladas que seguiam o ritmo da música.
O breaking surge neste contexto como uma dança inventada pelos porto-riquenhos, por meio da qual expressavam sua insatisfação com a política e a guerra do Vietnã. Tinha inspiração, entre outras coisas, em movimentos das artes marciais, como o Kung Fu.
O breaking se alastrou junto com as gangues de Nova York que, por volta do final da década de 1960, respondia à opressão social com violência e era comum o confronto armado. Por tradição norte-americana, os grupos étnicos não se misturavam e, com isso, havia gangues (ou crews) de hispânicos e gangues compostas por negros. Cada uma tinha seu código de grupo, chamado de TAG (assinatura dos grafiteiros), e demarcavam os territórios com os grafites nos muros dos bairros de Nova York. Contudo, nos momentos de descontração, essas crews dançavam o breaking.
Existem três fundamentos básicos da dança do B’Boy ou B’Girl (dançarinos):
Top Rock (preparação): caracterizado pelo trançar das pernas em nível alto.
Foot Work (trabalho dos pés): após descer ao cão, todo o trabalho de pernas em volta do corpo continuamente em nível baixo.
Freeze (congelamento): a finalização da dança solo do B’Boy ou B’Girl que pode variar entre stance (uma “pose” com atitude) ou as várias formas de freeze (baby freeze, spider freeze, chair freeze, bridge freeze, hand standin, head standing, etc.).
Os giros, os saltos e as acrobacias foram adicionados depois de 1980 e são chamados de power moves. A princípio não são considerados essenciais à dança do b’boy ou b’girl e são apenas movimentos de dificuldade e velocidade que somados aos passos básicos, podem tornar o trabalho do dançarino mais extraordinário.
Sendo assim, power move não é um estilo de dança, mas uma denominação para esses novos elementos. Assim, o essencial para se dançar o breaking é a utilização do break (da batida da música).
 

Referências

GUARATO, Rafael. Nada de cria, tudo se copia, tudo se mixa em “Dança de Rua: corpos para além do movimento Uberlândia, 1970-2007” – Edufu, 2008.

GUARATO, Rafael. Danças urbanas: algumas para se pensar no Portal Idança: www.idança .net Publicação de 10/12/2009. Último acesso em 19/06/2020 < http://beta.idanca.net/dancas-urbanas-algumas-para-se-pensar/>.

ALVES, Flávio Soares. A Dança Break: uma análise dos fatores componentes do esforço no duplo movimento de ver e sentir – Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas SP Brasil, 2007.

Bibliografia

(Igor Gasparini | Pesquisa SPCD)

Verbete editado por:

Atualizado (DEZEMBRO 2020)