Temporada Cor do Arco-Íris
“Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido, […] Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”
Carlos Drummond de Andrade,
trecho do poema Receita de Ano Novo
Inspirada pelos versos de Drummond e na esperança de um belíssimo Ano Novo, divido a temporada Cor do Arco-Íris, na qual ocuparemos diferentes teatros da cidade com uma diversidade de programas do clássico ao contemporâneo, com criadores nacionais e internacionais em diálogo com você, para que juntos possamos experimentar com liberdade o Ano Novo que sempre existe em nós e colorir o mundo com mais intensidade após o momento de recolhimento que vivemos.
Na programação, estão grandes clássicos e criações que dialogam com os pensamentos de artistas da Semana de Arte Moderna de 1922, totalizando 10 obras: 6 estreias e 4 coreografias já presentes no repertório da Companhia.
Começaremos as apresentações nos meses de maio e junho no Theatro São Pedro, em dois programas com música executada ao vivo pela Orquestra do Theatro sob a regência de Claudio Cruz e Ricardo Balestero. Na primeira semana, “conscientemente” vivencie conosco uma imagem do Brasil através do olhar de Di Cavalcanti e Villa Lobos, em Di, coreografia inédita de Miriam Druwe a partir do Choro nº 6, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e cenografia e figurinos de Fábio Namatame, inspirados em obras de Di Cavalcanti (1897-1976) cedidas gentilmente por Elisabeth Di Cavalcanti para a obra. A noite se completa com Madrugada (2021), de Antônio Gomes, embalada pelas Valsas de Esquina, de Francisco Mignone (1897-1986) com orquestração de Rubens Riccardi, arranjada especialmente para esta criação.
Na semana seguinte, estrearemos Desassossegos, de Henrique Rodovalho, desdobrando suas ações como coreógrafo residente da SPCD, com cenário e figurinos de Fábio Namatame inspirado nos desenhos de Flávio de Carvalho (1899-1973) para o balé A Cangaceira, do antológico Balé do IV Centenário. A noite segue com Infinitos Traçados (2021), obra idealizada a partir de muitos olhares que traz para a cena sensações e emoções humanas em um espaço pontilhado de luz e sombra. Sob minha direção, estão reunidos os coreógrafos Esdras Hernández Villar, Jonathan dos Santos e Monica Proença em um espetáculo com concepção e direção cênica de William Pereira e direção musical de Ricardo Balestero, responsável por conectar em uma mesma noite os compositores Heitor Villa Lobos, M. Camargo Guarnieri, Alberto Ginastera e Miguel del Águila.
“Tente” continuar colorindo o seu ano conosco, agora no Teatro Sérgio Cardoso com O Lago dos Cisnes (2018) na versão de Mario Galizzi, criada especialmente para a SPCD, em uma noite de cores, encantamento, paixão, vida e morte. E, em dezembro, estrearemos O Quebra-Nozes, criado sob encomenda pela estrela Márcia Haydée, ao som de Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840 -1893), com um toque de brasilidade. Este é um balé para comemorar o encontro, a família, o sonho e as cores da vida pelo olhar de uma criança que descobre o mundo com curiosidade e alegria.
“Experimente” no Teatro Alfa, no mês de agosto, criações contemporâneas: uma nova criação do coreógrafo residente Stephen Shropshire, em coprodução com o The Dutch Performing Arts program of the Performing ArtsFund NL (Holanda), além de uma estreia de Gal Martins inspirada nas relações humanas com seu entorno e Odisseia (2018), de Joëlle Bouvier, que nos proporciona um reencontro com nós mesmos.
“Vamos colorir” a Sala São Paulo, em setembro, com a estreia do brasileiro Juliano Nunes inspirada na Bachiana Brasileira nº 8, de Villa-Lobos, interpretada ao vivo pela Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) em um programa que contempla ainda Di, de Miriam Druwe.
Com você na plateia, este será um lindo ano novo, com liberdade de expressão, encontros, muita dança e experimentações “Cor do Arco-Íris, ou da cor da sua paz, ano novo sem comparação com todo o tempo já vivido”.
Inês Bogéa
Diretora Artística e Executiva – São Paulo Companhia de Dança | Associação Pró-Dança