Criações
Yoin (2024)
Coreografia: Jomar Mesquita
Em repertório
Yoin (2024)
Coreografia: Jomar Mesquita
Assistente de coreografia: Rúbia Frutuoso
Músicas: Poema Saudades, de Arnaldo Antunes; Assum Preto, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (intérprete: Jorge Du Peixe); Fim de Festa, de Itamar Assumpção (intérpretes: Naná Vasconcelos e Itamar Assumpção); Carinhoso, de João de Barro e Pixinguinha (intérprete: Elza Soares); Como 2 e 2, de Caetano Veloso (intérpretes: Arnaldo Antunes e Vitor Araújo); Samba da Benção, de Baden Powell e Vinícius de Moraes (intérprete: Maria Bethânia); Avisa, de Tato (intérprete: Cida Moreira); Juízo Final, de Elcio Soares; Nelson Cavaquinho (intérprete: Arnaldo Antunes); Manhã de Carnaval, de Luís Bonfa e Antônio Maria (intérpretes: Jean Pascal Quiles, Louis Quiles e Nelly Decamp); vozes dos bailarinos do elenco.
Figurino: Agustina Comas
Iluminação: André Boll
Estreia: 2024, Teatro Sérgio Cardoso | São Paulo – SP
Qual é a sensação que fica após cessado o estímulo? Os mínimos e mais sutis, os dolorosos ou longevos. O som da gangorra, o cheiro do café da avó, toques, as imagens que parecem permanecer ou persistir. Aqueles que gostaríamos de guardar em uma cristaleira, em um relicário. E como nos transformamos quando tais estímulos deixam de ser reais, mas persistem na nossa cristaleira interior… Yoin.
Ao revisitar as referências usadas para criar a obra Mamihlapinatapai – primeira criação de Jomar Mesquita para a São Paulo Companhia de Dança – o coreógrafo se deparou com outra conotação do significado dessa palavra tão instigante: aquele momento de reflexão em volta do fogo, após os avós transmitirem suas histórias e conhecimentos para os mais jovens. Ou seja, mais uma vez: a sensação que fica após cessado o estímulo.
“E o que fazemos com o que ficou, com as nossas ancestralidades, perdas, gozos, suspiros, arrepios, dores… que guardamos no nosso relicário: Yoin. Essa nova criação nos faz retornar, portanto, ao início desse meu encontro com esses artistas e refletir sobre as sensações que ficaram em nós e as que deixamos no público. O que ficou das experiências passadas de cada um, das nossas ancestralidades, quais legados nos foram transmitidos e por nós embalados. Nos transformamos em novas versões de nós mesmos, após cessados os estímulos que nos perpassaram ou nos atravessaram”, conta Jomar.
A trilha sonora metaforiza esse universo, com versões de músicas cujas interpretações originais marcaram o cenário musical brasileiro e o que elas se tornaram após transformadas por novos olhares. O figurino utiliza o upcycling em uma analogia com as novas e melhores versões que podemos criar de nós mesmos a partir dos resíduos das experiências vividas, que guardamos nas nossas cristaleiras interiores. A iluminação simboliza a fogueira de forma contemporânea, em volta da qual os saberes e ancestralidades são transmitidos para nos transformar. Yoin também diz da própria dança que, com sua efemeridade, deixa suas marcas e sensações, após fechadas as cortinas… para o público embalar nos seus relicários.