Companhia Urbana de Dança | Foto: Divulgação
SINOPSE
No Brasil, quem mais morre, e se morre muito, e violentamente, são os jovens negros. Os números são impressionantes, morre-se mais que em muitas guerras declaradas. E a morte tem uma cor predominante nesse país. Tudo preto. É certo: os dançarinos da Companhia Urbana de Dança hoje são ponto fora da curva dessa estatística dolorosa, no entanto, não deixaram de ser o que são nesse processo que os tirou da frente da linha de tiro. A cada dia no olhar de alguém que cruza com eles na rua, no transporte coletivo, no táxi que não para, na dura da polícia, são vistos e tratados como aquilo que são: todos pretos. Já se disse: black is beautiful. E negra é a raiz da liberdade. Mas, ser negro, jovem e urbano da periferia e dançar com talento e ousadia, diz não só de beleza, mas também de resiliência. Filhos e netos de tantas misturas que trazem a marca de sua negritude como signo e lugar, com tons e semitons, nuances claras, escuro aveludado, marrons caramelados, imprimem na dança toda a diversidade de movimentos, texturas, ideias, conceitos... Corporeidades distintas dialogam, se encontram, colidem em corpos que falam da violência e da possibilidade de uma nova escrita com histórias construídas fora das ruas estreitas da cidade.
Celebrando a negritude e refletindo sobre a questão racial, Nêgo (eu.ele.nós.tudo preto) firma a diversidade através de diálogos gestuais, impregnados de energia. A diretora da Companhia Urbana de Dança, Sonia Destri pontua: “No Brasil, quem mais morre, e se morre muito, e violentamente, são os jovens negros. Os números são impressionantes. É certo: os dançarinos da Companhia hoje são um ponto fora da curva dessa estatística dolorosa. Mas, ser negro, jovem e urbano da periferia – e dançar com talento e ousadia – diz, não só de beleza, mas de resiliência. (Referência FUNARTE).
MINIBIO DO COREÓGRAFO
Sonia Destri Lie é diretora artística e coreógrafa da Companhia Urbana de Dança. Destri viajou pelo Brasil e pela Europa após completar seus estudos, trabalhando com dança, teatro, cinema e musicais. Foi então que ela descobriu a dança hip-hop e b-boying. Ela definiu sua interpretação única e revigorante desses estilos ao infundi-los com as ricas influências culturais do Brasil e das favelas do Rio de Janeiro. Seus trabalhos envolvem de forma criativa elementos do hip-hop, b-boying, dança contemporânea e também danças sociais brasileiras. Recebeu o Prêmio de Melhor Roteiro da Fundação Ford, o Prêmio Encenação 2011 do Estado do Rio de Janeiro pelo espetáculo Eu Danço, o Prêmio FADA da Prefeitura do Rio de Janeiro (2012, 2013 e 2014), e o Melhor Prêmio Coreografia do Conseil International de la Danse (CID_Unesco).
A Companhia Urbana de Dança dirigida por Sonia Destri Lie, é hoje uma das mais conceituadas companhias do Rio de Janeiro. Realizando um trabalho minucioso de pesquisa das raízes culturais brasileiras e colocando este material em diálogo com as tendências contemporâneas da dança urbana, produz um material cênico e coreográfico riquíssimo e potente.
Os espetáculos trazem as identidades de seus bailarinos, suas referências e atitudes, um sotaque carioca, brasileiro e afrodescendente, ao mesmo tempo traduzível ao mundo, inserindo-se afirmativamente no que há de mais contemporâneo em dança urbana. Colocam em destaque os talentos de jovens brasileiros negros e pobres na modernidade, numa postura afirmativa e pluralista.