Dança em Rede
Autorretrato (2024)
- Categoria: Coreografias
- País de origem: Brasil
- UF de origem: SP
- Cidade de origem: São Paulo
- Ano de criação: 2024
Histórico
Coreografia: Leilane Teles
Músicas: “Grupo krahó”, de Indios Krahó, interpretada por Marlui Miranda; “Pasha Dume Pae”, de Amazon Ensemble; “Canto da liberdade”, de Akaiê Sramana, interpretada por Akaiê Sramana; Tchori Tchori feat. Uakti, de Marlui Miranda e Índios Jaboti de Rondônia, interpretada por Marlui Miranda, Rodolfo Stroeter, Uakti; “Mae Inini (The Power of the Earth)”, de Amazon Ensemble; “Tamburim”, de Josy.Anne; “Kworo Kango”, de Canto Kaiapó, interpretada por Berimbaobab Brasil.
Produção Musical: Fernando Leite
Iluminação: Gabriele Souza
Figurino: André von Schimonsky
Assistente de Figurino: Wellington Araújo
Aderecista: Satie Inafuku
Consultores para Assuntos Indígenas: Cristiane Takuá e Carlos Papá Mirim Poty
Duração: 19 minutos
"Autorretrato" é a 2ª criação da coreógrafa e bailarina brasileira Leilane Teles para a São Paulo Companhia de Dança. Uma obra que propõe uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira, sobre nossa ancestralidade e as múltiplas influências que nos constituem, tecida a partir das imagens vibrantes do vasto acervo de Cândido Portinari, considerado um dos maiores pintores do Brasil. Dentro desse universo, que contém mais de 5 mil peças, foram escolhidas 8 - gentilmente cedidas por João Candido Portinari, filho do artista -, cujo conjunto revela a essência da proposta coreográfica. A obra começa com o autorretrato do próprio pintor, quase um prefácio visual que antecede a imersão na história e na cultura dos povos originários do Brasil. A primeira cena retrata a chegada dos portugueses por aqui e o encontro visceral entre eles e os nativos. À medida que a obra avança, são representadas as relações complexas desde o encontro até os momentos de exploração e a brutalidade da escravização dos nativos, culminando na apresentação de "Índio Morto", uma das telas mais pungentes de Portinari.
A trilha sonora foi escolhida com o intuito de dialogar profundamente com a narrativa visual e coreográfica. Dentre os destaques, "Kworo Kango" se ergue como um pilar, uma música ritualística sem tradução conhecida, repetida como uma prece ancestral, que encerra a obra com uma energia de renascimento e resistência. O figurino desempenha um papel crucial e não busca uma reprodução literal das vestimentas indígenas, mas sim uma interpretação que evoca a essência dessa cultura. De forma discreta, ele revela a pele, enquanto formas geométricas fazem alusão às pinturas de Portinari, adicionando camadas de significado à narrativa. Os objetos cênicos também são carregados de simbolismo, trazendo acessórios como brincos, colares e adornos de panturrilha, inspirados nas manifestações culturais do povo Carajás, retratado pelo pintor.
Embora a coreografia se inspire livremente na representação desses povos, a intenção não é a de uma reprodução literal, mas sim a de captar a brasilidade e a multiplicidade de influências culturais que constituem a nossa identidade nacional. A criação de "Autorretrato" foi enriquecida pela consultoria para assuntos indígenas de Cristiane Takuá e Carlos Papá, dois especialistas, cuja participação foi essencial para garantir que as representações culturais fossem tratadas com o respeito e a autenticidade que merecem, além de adicionarem profundidade e sensibilidade únicas à coreografia.