Dança em Rede

Gisèle Loïse Santoro

  • Categoria: Profissionais da dança
  • País de origem: Brasil
  • UF de origem: RJ
  • Cidade de origem: Rio de Janeiro
  • Atividade: Coreógrafa
  • Data de nascimento: 11/03/1939

Histórico

Nascida no Rio de Janeiro, Gisèle Loïse Santoro estudou em internato até os 14 anos, onde estudou piano. O contato com o balé veio apenas aos 15 anos e meio, quando a mãe a matriculou nas aulas para ajudá-la a se desvencilhar do jeito moleca de ser. Nesse início tardio, ela teve que lutar contra as sequelas de um tétano contraído na infância que chegou a paralisá-la da cintura para baixo. Um ano e meio depois, em 1956, ela começou a atuar como monitora na Academia Leda Iuqui, na qual permaneceu até 1962. Paralelamente, também deu aulas em um colégio na Tijuca. Já nessa época, Santoro coreografava espetáculos tanto para a Academia quanto para outra instituições, como a Academia do Johnny Franklin. Em 1958, também passou a dar aulas para uma turma de iniciantes e outra de alunos intermediários na Academia Bherta Rosanova, sua professora no último ano da Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (hoje Escola de Dança Maria Olenewa), onde ingressou em 1957, se formou em 1958 e foi logo admitida no Corpo de Baile da instituição. Como membro desse conjunto, dançou a primeira montagem brasileira de O Lago dos Cisnes" (1959) e se apresentou na cerimônia de fundação de Brasília, em 21 de abril de 1960, com uma performance em cima do prédio do Congresso Nacional. Em paralelo à atividade, também atuava como atriz no grupo Os Desconhecidos, tocava em recitais de piano erudito e cantava jazz e bossa nova no conjunto musical de seu primeiro marido, Oscar Castro Neves, apresentando-se em shows e na TV, chegando a abrir o 1º Festival de Bossa Nova da TV Record. Em 1962, Santoro passou a integrar a Fundação Brasileira de Ballet a convite de sua fundadora, por Eugenia Feodorova (1923-2007). A experiência ao lado da mestra é tida por ela como um "doutorado" em dança dada a profundidade dos conhecimentos então adquiridos e e do aprendizado de disciplinas inexistentes no país – como dança caráter. Nesse mesmo ano, um novo convite a fez retornar a Brasília para dançar com a nova companhia. O organizador do evento era o maestro Claudio Santoro (1919-1989), então chefe do departamento de música da Universidade de Brasília (UnB) e compositor de "Prelúdios", trilha da peça coreografada por Feodorova para a ocasião. No ano seguinte, o músico e Gisè le se casaram. Agora residente da capital federal, ela começou a se dedicar com afinco à docência e participou da organização de um Corpo de Baile e de uma Escola Profissional de Dança que não chegaram a se concretizar devido ao golpe militar de 1964. Em 1965, a UnB passou por uma crise e mais de 280 professores deixaram a instituição, inclusive Cláudio, que, a convite do governo alemão, integrou o programa Artista-Residente em Berlim Ocidental entre os anos de 1966 1967. Gisè le o acompanhou e, pretendendo voltar a dançar, estudou com Mary Wigman (1886-1973). Uma gravidez de alto risco - sua terceira - a fez voltar ao Brasil em 1968. O endurecimento do regime militar, com a promulgação do Ato Intitucional Nº 5, em 1969, fez o casal ter o apartamento de Brasília invadido e o levou a optar pelo exílio definitivo em 1969, quando retornou à Alemanha. Logo no início de 1970, Gisè le foi admitida por audição como maître de ballet do Teatro Municipal de Heidelberg, na gestão de Dragutin Boldin. Como professora, deu aulas nas cidades de Speyer, Altenbach e em Heiligkreuzsteinnach e dirigiu e coreografou para dois grupos da cidade de Schriesheim, com o qual realizava apresentações em cidades vizinhas e instituições. Por lá, fundou ainda uma espécie de Cultura Artística para organizar eventos culturais, como concertos de solistas da Filarmônica de Berlim. Dois anos após voltar a Brasília, em 1978, ela fundou o Ballet de Câmara Gisè le Santoro, e, em 1985, o Ballet Jovem de Brasília, logo transformado em Ballet de Brasília, sob sua direção até hoje. Ao longo dos anos 1980, Gisè le foi convidada várias vezes para atuar como jurada em concursos internacionais dança, entre os quais se destacam os de Varna, na Bulgária (1983 e 1986), de Moscou, na Rússia (1985 e 1989), de Osaka, no Japão (1984, 1987 e 1991), , de Paris (1990), Houlgate (1987, 1988, 1990 e 1997), Evry/Paris (1991,1992) e Garches/Paris (1992), todos na França. De 1985 a 1988, também ensinou e coreografou para o I Balletti de Susana Egri, grupo de Turim, na Itália. Valendo-se do prestígio conquistado na cena internacional, depois de realizar três cursos nacionais de aperfeiçoamento em dança com convidados nacionais e internacionais, ela idealizou e criou, para a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, o Seminário Internacional de Dança de Brasília, que teve sua primeira edição em 1991. O evento, que segue até hoje, tem foco na formação de bailarinos a partir de masterclasses com grandes profissionais da dança, que, ao final das aulas, concedem bolsas de estudo fora do país. Entre 1991 e 1992, a convite da Fundação Fulbright, a professora passou oito meses nos Estados Unidos ministrando masterclasses e coreografando para companhias, universidades e academias. Em 1992, tornou-se maître de ballet da Ópera de Leipzig a convite do então diretor artístico Uwe Scholz (1958–2004). O novo retorno a Brasília se deu em 1994, para coordenar o Comitê de Cultura do amigo e atual senador Cristóvam Buarque, então candidato ao governo do Distrito Federal, cargo para o qual foi eleito. Durante esse governo, ela foi coordenadora de Integração e Intercâmbio Cultural da Secretaria de Cultura e Esporte do Distrito Federal. "

Bibliografia

De CUNTO, Yara e MARTINELLI, Susi. A História que se Dança: 45 anos do movimento da Dança em Brasília. Concepção e Organização: Yara De Cunto, Texto: Susi Martinelli. 2005.

Verbete editado por:

(por Amanda Queirós | Pesquisa SPCD) - Atualizado (DEZEMBRO 2021)