Dança em Rede
Nina Verchinina
- Categoria: Profissionais da dança
- País de origem: Rússia
- Cidade de origem: Moscou
- Atividade: Bailarina
- Atividade: Coreógrafa
- Atividade: Maître
- Data de nascimento: 20/01/1903
- Data de falecimento: 16/12/1995
Histórico
Nina Verchinina nasceu em Moscou, na Rússia, no dia 20 de janeiro. Porém, não se sabe o ano. Alguns dizem que foi em 1903, outros que foi em 1910 ou 1912.
Passou a infância em Xangai, na China, e na Manchúria, onde seu pai trabalhou com o comércio de chá. Iniciou seus estudos em dança aos seis anos, junto com sua irmã, Olga Morosova. Em razão das profundas mudanças políticas ocorridas em Moscou e na Manchúria, por conta da revolução russa, seu pai decidiu partir com a família para a França.
Em 1920, começaram a estudar no estúdio de Olga Preobrajenska (1870-1962). Em sua busca por novos movimentos e maior liberdade de expressão para o corpo, Verchinina encontrou em Isadora Duncan (1877-1927) uma forte referência, por propor uma outra dinâmica de movimentos baseada nos fenômenos da natureza e no repertório de movimentos do cotidiano, como andar, correr e pular.
Em 1932, Verchinina e sua irmã integraram o Les Ballets Russes de Monte Carlo, sob direção do Colonel Wassily De Basil (1888-1949) e René Blum (1878-1942). Foi neste grupo que ela começou a traçar, definitivamente, os caminhos que a fariam uma das grandes criadoras da dança moderna, foi onde também conheceu e trabalhou com importantes coreógrafos, como Fokine, Balanchine e Massine.
Em 1933, Verchinina estabelece uma parceria com Massine, que a convidou para dançar naquele que seria seu primeiro balé sinfônico e que daria a ela o posto de primeira-bailarina da companhia. Com música de Tchaikovsky, a Quinta Sinfonia, Les Présages, é uma alegoria sobre a luta do homem contra as forças do destino. Dançado na ponta e com passos acadêmicos, Massine ousou na movimentação dos braços, criando um papel especialmente para Verchinina, Action, abrindo o primeiro movimento da coreografia. No mesmo ano, Massine coreografou Choreartium. Verchinina também teve um papel de destaque. Outra coreografia montada por ele e estreada por Verchinina foi Sinfonia Fantástica de Berlioz.
Em 1938, Verchinina toma a decisão de passar um ano nos Estados Unidos, porém, uma grande decepção a esperava. Martha Graham (1894-1990), um dos grandes nomes da dança moderna, não quis aceitá-la em sua escola. Segundo Graham, por possuir um estilo bastante definido e com muita personalidade, ela deveria seguir seu próprio caminho sem sofrer influências de outros criadores. Apesar de não fazer as aulas, Verchinina as assistia, aproveitando para trocar ideias e impressões com a mestra. Passou ainda pelo Balé de San Francisco.
Em 1939, Verchinina retorna à Londres, na companhia de De Basil, porém, nessa ocasião, o grupo chamava-se Convent Garden Russian Ballet. Esta seria a última vez que dançaria Les Présages, Choreartium e Sinfonia Fantástica, papéis que a tornaram mundialmente conhecida, com a companhia.
Em 1939, o grupo parte para a Austrália. Foi lá que ela estreou, em 1940, sua primeira coreografia com De Basil, o balé Êtude Choréographique, com música de Handel. Em julho, outra estreia, Êtude, com música de Bach. Esse trabalho foi renomeado como Quest ao ser apresentado nos Estados Unidos, para onde foram em setembro. Em Cuba, onde chegou depois de temporadas nos Estados Unidos, Canadá e Cidade do México, o grupo enfrentou uma de suas piores crises, culminando em greve de parte do elenco em razão da redução dos salários dos bailarinos.
O grupo ficou em Havana por cinco meses, tendo que fazer pequenas apresentações para sobreviver. Em agosto, quando De Basil conseguiu finalmente negociar a volta da companhia para os Estados Unidos, Verchinina decidiu ficar em Cuba por mais uma temporada de pesquisas e estudos. Neste período dançou no Balé da Ópera de Havana, onde permaneceu por três anos. A bailarina voltou aos Estados Unidos para dar continuidade a sua investigação e prosseguir desenvolvendo aquele que seria, na verdade, o trabalho de toda a sua vida: o desenvolvimento de uma técnica que desse conta das necessidades coreográficas que surgiam.
Em 1946, volta para a companhia de De Basil, durante a terceira temporada no Brasil, onde conheceu seu marido, o Conde Jean de Beausacq, que representava a companhia em seu tour brasileiro (Rio de Janeiro e São Paulo). Verchinina criou Valse Triste, para a temporada da América do Sul. Estreou no Theatro Municipal de São Paulo, em 26 de julho do mesmo ano. Foi convidada por Antonio Vieira de Melo, diretor do departamento de Difusão Cultural da Prefeitura, a ficar no Brasil como coreógrafa e maître de balé do Corpo de Baile e da Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde permaneceu por dois anos. O resultado, no entanto, foi desastroso, pois faltava amadurecimento em termos de dança no Rio de Janeiro. As técnicas de preparação corporal por ela propostas, como o aquecimento no chão para as aulas de dança moderna, foram recebidas com desconfiança e preconceito por parte do corpo de baile. Chegou até a ficar sem receber seu pagamento, devido os problemas financeiros do Municipal.
Em 1948, ela parte para a Espanha para se encontrar com o grupo de De Basil, que estava se apresentando na Europa. Remontou Valse Triste e montou Suite Choréographique, com música de Gounod. De Basil morreu devido a um ataque cardíaco em 1949. O grupo, sem De Basil e suas antigas estrelas, chega ao fim, em 1951.
Em 1950, Verchinina recebe o convite para organizar e dirigir o grupo de dança moderna no Instituto Coreográfico da Universidade Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina. Foi a consagração definitiva do trabalho realizado por Verchinina. Foi contratada ainda para trabalhar no Teatro Argentino em La Plata, onde criou Salomé, com música de Richard Strauss, além de remontar Narciso, Suite Choréografique, Valse Triste, Matizes e Phapsody in Blue.
O Balé da Universidade de Mendoza encerrou suas atividades, em 1954, logo depois da morte de seu reitor. No mesmo ano, Verchinina recebe um segundo convite para retornar ao Brasil. Desta vez para montar o espetáculo Fantasia e Fantasias no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Pouco depois, foi convidada por Tatiana Leskova (1922), com quem havia dançado no Original Balley Russe, para montar alguns de seus trabalhos, Narciso e Rhapsody in Blue, no Theatro Municipal. Em 1955, abriu sua própria academia no bairro do Flamengo, onde ensinava balé e sua técnica moderna.
Foi contratada novamente como coreógrafa convidada do Theatro Municipal, apresentando Matizes e uma remontagem de Rhapsody in Blue. Em 1957, monta seu próprio grupo.
Volta ao Brasil, em 1959 e reabre sua escola, agora em Copacabana. Suas mais importantes coreografias dessa época foram Zuimaaluti (1960) e Metástasis (1967), criados a convite de Dalal Achcar (1937). Nos anos seguintes, pouco Verchinina se apresentou e os grupos com os quais trabalhou eram formados por suas alunas, muitas das quais bailarinas amadoras.
Para Nina o objetivo principal da dança era expressar os sentimentos humanos, colocando em movimento o drama do homem como um todo. Sua técnica buscava a essência do movimento como meio para alcançar o máximo possível da expressão emocional, por isso nomeou seu estilo como sendo “moderno expressionista”.
Ela vai transformar em técnica de dança uma estética modernista que a influenciou fortemente e com a qual conviveu diretamente. Para chegar ao seu objetivo, que era expressar os sentimentos humanos, ela desenvolveu uma técnica que tinha nos movimentos em torção (possibilitando a distorção das formas) e nas caídas (traduzindo um contato mais direto com o mundo) seus pontos centrais.
Verchinina viajou como professora convidada, dando palestras e aulas em vários países. Continuou dando aulas diárias em sua academia até dezembro de 1995, quando faleceu, dia 16. Seu nome é reconhecido em todo mundo como uma das grandes bailarinas e coreógrafas, figurando entre os pioneiros da dança moderna.
Passou a infância em Xangai, na China, e na Manchúria, onde seu pai trabalhou com o comércio de chá. Iniciou seus estudos em dança aos seis anos, junto com sua irmã, Olga Morosova. Em razão das profundas mudanças políticas ocorridas em Moscou e na Manchúria, por conta da revolução russa, seu pai decidiu partir com a família para a França.
Em 1920, começaram a estudar no estúdio de Olga Preobrajenska (1870-1962). Em sua busca por novos movimentos e maior liberdade de expressão para o corpo, Verchinina encontrou em Isadora Duncan (1877-1927) uma forte referência, por propor uma outra dinâmica de movimentos baseada nos fenômenos da natureza e no repertório de movimentos do cotidiano, como andar, correr e pular.
Em 1932, Verchinina e sua irmã integraram o Les Ballets Russes de Monte Carlo, sob direção do Colonel Wassily De Basil (1888-1949) e René Blum (1878-1942). Foi neste grupo que ela começou a traçar, definitivamente, os caminhos que a fariam uma das grandes criadoras da dança moderna, foi onde também conheceu e trabalhou com importantes coreógrafos, como Fokine, Balanchine e Massine.
Em 1933, Verchinina estabelece uma parceria com Massine, que a convidou para dançar naquele que seria seu primeiro balé sinfônico e que daria a ela o posto de primeira-bailarina da companhia. Com música de Tchaikovsky, a Quinta Sinfonia, Les Présages, é uma alegoria sobre a luta do homem contra as forças do destino. Dançado na ponta e com passos acadêmicos, Massine ousou na movimentação dos braços, criando um papel especialmente para Verchinina, Action, abrindo o primeiro movimento da coreografia. No mesmo ano, Massine coreografou Choreartium. Verchinina também teve um papel de destaque. Outra coreografia montada por ele e estreada por Verchinina foi Sinfonia Fantástica de Berlioz.
Em 1938, Verchinina toma a decisão de passar um ano nos Estados Unidos, porém, uma grande decepção a esperava. Martha Graham (1894-1990), um dos grandes nomes da dança moderna, não quis aceitá-la em sua escola. Segundo Graham, por possuir um estilo bastante definido e com muita personalidade, ela deveria seguir seu próprio caminho sem sofrer influências de outros criadores. Apesar de não fazer as aulas, Verchinina as assistia, aproveitando para trocar ideias e impressões com a mestra. Passou ainda pelo Balé de San Francisco.
Em 1939, Verchinina retorna à Londres, na companhia de De Basil, porém, nessa ocasião, o grupo chamava-se Convent Garden Russian Ballet. Esta seria a última vez que dançaria Les Présages, Choreartium e Sinfonia Fantástica, papéis que a tornaram mundialmente conhecida, com a companhia.
Em 1939, o grupo parte para a Austrália. Foi lá que ela estreou, em 1940, sua primeira coreografia com De Basil, o balé Êtude Choréographique, com música de Handel. Em julho, outra estreia, Êtude, com música de Bach. Esse trabalho foi renomeado como Quest ao ser apresentado nos Estados Unidos, para onde foram em setembro. Em Cuba, onde chegou depois de temporadas nos Estados Unidos, Canadá e Cidade do México, o grupo enfrentou uma de suas piores crises, culminando em greve de parte do elenco em razão da redução dos salários dos bailarinos.
O grupo ficou em Havana por cinco meses, tendo que fazer pequenas apresentações para sobreviver. Em agosto, quando De Basil conseguiu finalmente negociar a volta da companhia para os Estados Unidos, Verchinina decidiu ficar em Cuba por mais uma temporada de pesquisas e estudos. Neste período dançou no Balé da Ópera de Havana, onde permaneceu por três anos. A bailarina voltou aos Estados Unidos para dar continuidade a sua investigação e prosseguir desenvolvendo aquele que seria, na verdade, o trabalho de toda a sua vida: o desenvolvimento de uma técnica que desse conta das necessidades coreográficas que surgiam.
Em 1946, volta para a companhia de De Basil, durante a terceira temporada no Brasil, onde conheceu seu marido, o Conde Jean de Beausacq, que representava a companhia em seu tour brasileiro (Rio de Janeiro e São Paulo). Verchinina criou Valse Triste, para a temporada da América do Sul. Estreou no Theatro Municipal de São Paulo, em 26 de julho do mesmo ano. Foi convidada por Antonio Vieira de Melo, diretor do departamento de Difusão Cultural da Prefeitura, a ficar no Brasil como coreógrafa e maître de balé do Corpo de Baile e da Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde permaneceu por dois anos. O resultado, no entanto, foi desastroso, pois faltava amadurecimento em termos de dança no Rio de Janeiro. As técnicas de preparação corporal por ela propostas, como o aquecimento no chão para as aulas de dança moderna, foram recebidas com desconfiança e preconceito por parte do corpo de baile. Chegou até a ficar sem receber seu pagamento, devido os problemas financeiros do Municipal.
Em 1948, ela parte para a Espanha para se encontrar com o grupo de De Basil, que estava se apresentando na Europa. Remontou Valse Triste e montou Suite Choréographique, com música de Gounod. De Basil morreu devido a um ataque cardíaco em 1949. O grupo, sem De Basil e suas antigas estrelas, chega ao fim, em 1951.
Em 1950, Verchinina recebe o convite para organizar e dirigir o grupo de dança moderna no Instituto Coreográfico da Universidade Nacional de Cuyo, em Mendoza, Argentina. Foi a consagração definitiva do trabalho realizado por Verchinina. Foi contratada ainda para trabalhar no Teatro Argentino em La Plata, onde criou Salomé, com música de Richard Strauss, além de remontar Narciso, Suite Choréografique, Valse Triste, Matizes e Phapsody in Blue.
O Balé da Universidade de Mendoza encerrou suas atividades, em 1954, logo depois da morte de seu reitor. No mesmo ano, Verchinina recebe um segundo convite para retornar ao Brasil. Desta vez para montar o espetáculo Fantasia e Fantasias no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Pouco depois, foi convidada por Tatiana Leskova (1922), com quem havia dançado no Original Balley Russe, para montar alguns de seus trabalhos, Narciso e Rhapsody in Blue, no Theatro Municipal. Em 1955, abriu sua própria academia no bairro do Flamengo, onde ensinava balé e sua técnica moderna.
Foi contratada novamente como coreógrafa convidada do Theatro Municipal, apresentando Matizes e uma remontagem de Rhapsody in Blue. Em 1957, monta seu próprio grupo.
Volta ao Brasil, em 1959 e reabre sua escola, agora em Copacabana. Suas mais importantes coreografias dessa época foram Zuimaaluti (1960) e Metástasis (1967), criados a convite de Dalal Achcar (1937). Nos anos seguintes, pouco Verchinina se apresentou e os grupos com os quais trabalhou eram formados por suas alunas, muitas das quais bailarinas amadoras.
Para Nina o objetivo principal da dança era expressar os sentimentos humanos, colocando em movimento o drama do homem como um todo. Sua técnica buscava a essência do movimento como meio para alcançar o máximo possível da expressão emocional, por isso nomeou seu estilo como sendo “moderno expressionista”.
Ela vai transformar em técnica de dança uma estética modernista que a influenciou fortemente e com a qual conviveu diretamente. Para chegar ao seu objetivo, que era expressar os sentimentos humanos, ela desenvolveu uma técnica que tinha nos movimentos em torção (possibilitando a distorção das formas) e nas caídas (traduzindo um contato mais direto com o mundo) seus pontos centrais.
Verchinina viajou como professora convidada, dando palestras e aulas em vários países. Continuou dando aulas diárias em sua academia até dezembro de 1995, quando faleceu, dia 16. Seu nome é reconhecido em todo mundo como uma das grandes bailarinas e coreógrafas, figurando entre os pioneiros da dança moderna.
Trabalhos
Em 1933, dançou as coreografias Les Présages, Choreartium e Sinfonia Fantástica, de Massine, que a tornou mundialmente famosa.
Coreografou com o Original Ballet Russe: Quest, Valse, Triste e Suite Choréographique. Na Argentina coreografou Narciso, Salomé, El Amor Brujo, Ballet Romantico, Matisse, Rhapsody in Blue, Redenção e Eslavônica. No Brasil, criou as obras Arabesque, Suite Inglesa, Les Danseuses de Delphos, Saudade, Bachianas Brasileiras nº4, Concerto, Estudo Revolucionário, Xavante, Noturno, Suíte Barroca, Adagio, Bufão, Invenção, Ave Maria, Impacto, Grito, Variação, Zuimaaluti, Metástasis,Estilização sobre Temas do Folclore Brasileiro e as Trombetas do Apocalipse.
Coreografou com o Original Ballet Russe: Quest, Valse, Triste e Suite Choréographique. Na Argentina coreografou Narciso, Salomé, El Amor Brujo, Ballet Romantico, Matisse, Rhapsody in Blue, Redenção e Eslavônica. No Brasil, criou as obras Arabesque, Suite Inglesa, Les Danseuses de Delphos, Saudade, Bachianas Brasileiras nº4, Concerto, Estudo Revolucionário, Xavante, Noturno, Suíte Barroca, Adagio, Bufão, Invenção, Ave Maria, Impacto, Grito, Variação, Zuimaaluti, Metástasis,Estilização sobre Temas do Folclore Brasileiro e as Trombetas do Apocalipse.
Bibliografia
Nina Verchinina – Um Pensamento em Movimento | Beatriz Cerbino | Série Memória | Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, 2001
Videografia
Links
(Pesquisa SPCD) 24