Histórico
A sistematização histórica de estilos de dança depende de uma análise temporal que leve em consideração a progressão e a passagem de um estilo ao seguinte.
Este verbete trata de um dos doze estilos propostos pela seguinte classificação histórico-analítica, que não dá conta de todas as formas de dança cênica, mas oferece um panorama da formação da dança clássica e de sua modernização:
Dança na Corte – Dança de Corte – Ballet de Corte – Escola Clássica – Escola Romântica – Escola Acadêmica – Escola Neoclássica – Era Diaghilev – Primeira Geração Moderna – Segunda Geração Moderna – Fase de Transição: Moderno/Pós-Moderno – Dança Pós Moderna.
A Escola Clássica se desenvolve principalmente a partir das reformas propostas na metade do século XVIII por Cahusac e Noverre, que propunham a necessidade de ação cênica para a dança.
Seu surgimento pode ser marcado na estréia das Festas Chinesas, de Noverre, em 1749, e seu apogeu é o balé La Fille Mal Gardée, de Jean Dauberval.
Ainda administrada como uma extensão da casa real, a Ópera de Paris foi o grande palco desse estilo, que foi transformado durante os anos revolucionários da França, passando pela Monarquia, pela Revolução, pela Primeira República, pelo Primeiro Imério e pela Restauração.
Os grandes Maîtres dessa época, que formataram o ensino de dança para o melhor desenvolvimento das habilidades consideradas relevantes para a Escola clássica, foram Auguste Vestris, Jean Georges Noverre e os irmãos Gardel (Pierre e Maximilien), que orientaram e formaram profissinionais como Marie Camargo, Jean Dauberval e Marrie Sallé.
A grande obra deste período são as Cartas Sobre a Dança, de Noverre (1760), que foram o auge da discussão sobre a necessidade de formatação de espetáculos artísticos totais, sem segmentação das diversas artes envolvidas.
A escola clássica formatou o ensino e a formação técnica dos bailarinos na França, mas seu desenvolvimento foi profundamente ligado às diversas situações políticas que se desenrolaram com a Revolução Francesa. Durante a administração dos Irmãos Gardel, a Ópera de Paris produzia muitos ballets elogiosos da revolução e de seus princípios, ou conforme a temática se adequasse para agradar o regime em vigor. Seus balés seguiam os princípios de Noverre quanto à mecânica e desenvolvimento e usavam da técnica da escola clássica, cada vez mais valorizada pelo seu virtuosismo.
A produção do Ballet da Ópera não foi tão grande nesse período, e se mantiveram as remontagens de algumas obras e as novas montagens elogiosas do governo. A revolução de Julho, em 1830 e o fim do Antigo Regime (com o novo Rei passando a governar segundo uma constituição) coincidiram com um grande movimento artístico que dominou toda a europa e trouxe o fim da Escola Clássica: o Romantismo.
Referências
Algumas sugestões de leituras e referências acerca da História da Dança e dos Estilos de Dança:
ANDERSON, Jack. Ballet and Modern Dance: a concise history
ANDERSON, Jack. Dança
AU, Susan. Ballet & modern dance.
BOUCIER, Paul. História da Dança no Ocidente
CAMINADA, Eliana. História da Dança: evolução Cultural
CAVRELL, Holly. Dando Corpo à História. (Doutorado em Artes, Unicamp)
COHEN, Selma Jean. Dance as a Theatre Art
KIRSTEIN, Lincoln. Four Centuries of Ballet
PORTINARI, Maribel. História da Dança
ROCHELLE, Henrique. Estilos de Dança: uma proposta de revisão histórica. (Material de apoio didático desenvolvido durante o Programa de Estágio Docente das disciplinas de História da Dança. Instituto de Artes, Unicamp)
SORELL, Walter. Dance in Its Time
Por Henrique Rochelle l SPCD Pesquisa 15