Dança em Rede

Uma das inúmeras tentativas de consolidação de um grupo de dança profissional em Porto Alegre até os anos 1980, a Companhia de Dança do Rio Grande do Sul surgiu no início de 1981 com o objetivo de se tornar a primeira da região com chancela oficial. A iniciativa de sua criação partiu da Associação dos Professores de Dança do Rio Grande do Sul (hoje Asgadan), que já havia ensaiado, sem sucesso, a gestação de outros grupos no Estado. A inspiração para a nova empreitada aconteceu em novembro de 1980, quando o bailarino e coreógrafo argentino Valerio Cesio chegou a Porto Alegre para ministrar um workshop de dança a convite de Tony Petzold, que mantinha escola na capital gaúcha. Ao fim de 15 dias de aulas, os participantes conseguiram montar um espetáculo com coreografias dele, em parceria com a Asgadan, no auditório da Assembleia Legislativa do Estado.. O resultado rápido e de qualidade obtido nesse período fez com que a instituição decidisse buscar implantar mais uma vez uma companhia oficial de dança. A ideia era inverter a lógica das experiências anteriores. Em vez de esperar patrocínio para começar os trabalhos, dessa vez o grupo iria atrás de apoio financeiro justamente após provar do que era capaz. Em 12 de março de 1981, uma nota no jornal local “Zero Hora” anunciava a seleção de 14 bailarinos fixos e 16 bolsistas para a nova Companhia de Dança. O chamado superou as expectativas. Aproximadamente 50 candidatos apareceram na data marcada, o que levou as audições a serem prorrogadas por mais um dia. Entre os selecionados, estavam Carlota Albuquerque e Eneida Dreher, que mais tarde se reuniriam novamente na Terra Companhia de Dança do Rio Grande do Sul e na Terpsí Teatro de Dança. Com direção artística e coreografia do próprio Valerio Cesio, o primeiro espetáculo aconteceria pouco mais de um mês depois dessa convocatória. Em 26 de abril, o Clube Aliança da cidade de Novo Hamburgo recebia a apresentação de Carmina Burana. Logo em seguida, o grupo dançou ainda em Porto Alegre, nos dias 28 e 30 de abril e 2 e 3 de maio, no Salão de Atos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Na ocasião, a trilha foi executada pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) com regência de Túlio Belardi e acompanhamento de quatro corais. A resposta do público e da crítica foi bastante positiva e provocou a inclusão da categoria dança no Prêmio Açorianos, distribuído anualmente pela Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre para diversas linguagens artísticas. O sucesso, no entanto, não foi capaz de garantir a continuidade da Companhia de Dança do Rio Grande do Sul para além dessas apresentações, realizadas com recursos da então Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo e apoio da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS). Sem patrocinadores nem parceria com o governo, o conjunto se desfez da noite para o dia. A demissão súbita mexeu com os bailarinos, que apontaram intrigas entre os integrantes da Asgadan como responsáveis pela extinção da iniciativa. O principal legado da Companhia de Dança foi ter despertado em seus integrantes o desejo de uma profissionalização em dança, o que levou muitos deles a se mobilizar em torno de novos coletivos que surgiriam ao longo dos anos 1980 em Porto Alegre. "

– Carmina Burana (1981)”

CUNHA, Morgada e FRANCK, Cecy. Dança: nossos artífices. Porto Alegre: Movimento, 2004.

STRACK, Míriam Mederios e VALLE, Flavia Pilla do. Registros da Dança: A Trajetória do Grupo Terra in Revista de iniciação científica da Ulbra 2009/2010. p. 275-285, Canoas, 2010.

(por Amanda Queirós | Pesquisa SPCD)

(Por Amanda Queirós| Pesquisa SPCD)

Atualizado (MAIO 2020)