Dança em Rede

Eugenia Feodorova nasceu em Kiev, Ucrânia, então uma das repúblicas da União Soviética, em 17 de outubro de 1927. Chamada de Genia pela família, devido ao hábito russo de ser chamado pelas abreviações dos nomes, Eugenia era a filha do meio e dizia ser a mais levada do trio. Quando pequena, não perdia sequer uma aula de balé, até mesmo no inverno rigoroso da Ucrânia, quando as temperaturas chegavam a 20 graus abaixo de zero. As autoridades cancelavam as atividades normais e, mesmo assim, ela ia a pé até a Escola Coreográfica Estatal de Kiev para “não perder as aulas”. E como as aulas haviam sido suspensas, ela penetrava numa sala tão gélida quanto vazia para fazer, sozinha, os exercícios da barra e do centro. Fez nove anos de curso. Participou ainda de um curso de aperfeiçoamento no Kirov de Leningrado. Retornou à Kiev, começando a vida profissional como solista do Teatro Estatal. O promissor início de sua carreira coincidiu com o da entrada da sua pátria na Segunda Guerra Mundial, quando, em 1941, Hitler e Stalin romperam o pacto germano-soviético que, até então, preservara a URSS do horro da guerra, começada em 1939. Sua irmã mais velha fugiu com seus filhos para outra cidade, seus pais e a irmã mais nova foram assassinados pelos nazistas. Os três juntos no mesmo dia. Eugenia só conseguiu escapar porque estava ensaiando no teatro. Foi mandada pelos nazistas a um campo de trabalho forçado, na Alemanha. Em 1945, quando os nazistas perderam a guerra, Feodorova perferiu ficar na Alemanha e recomeçou a carreira com a Companhia Orlikovsky, sediada em Munique. Tornou-se primeira bailarina. Mudou-se para a Bélgica, onde também foi primeira bailarina da Ópera de Liè ge e professora da academia de Madame Alexeiva em Bruxelas. Em seguida, parte para a Itália, onde trabalhou com o Balé do Scala de Milão. Foi primeira bailarina, mestra e coreógrafa da companhia. Lecionou em Madri, na academia de Madame Taft. Entre 1952 e 1953 dançou e deu aulas em Paris. Trabalhou ainda com Maurice Bejart e Roland Petit. Veio ao Brasil, em 1954, a convite de Dalal Achcar, que queria criar uma companhia de dança em grande estilo, o Balé do Rio de Janeiro. Todos queriam participar de suas aulas, até mesmo os bailarinos do Theatro Municipal. Mas a prioridade era o conjunto de Dalal. Remontou O Quebra Nozes, visto pela primeira vez no País, em uma versão completa. A estreia foi em 1956. Pouco tempo depois, Feodorova foi contratada como mestra e coreógrafa pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde ficou de 1958 a 1961, e também inaugurou sua própria academia no Leblon. No Municipal, remontou, em 1959, O Lago dos Cisnes, também completo, em quatro atos e o Galo de Ouro, Grand Pas de Deux de Raymonda, Serenata para Cordas, Entre Deux Rondes, Suite de Bergamasque, Noite de Walpurgis e La Bayadè re. Em dezembro de 1961, aconteceu a estreia de O Descobrimento do Brasil, coreografado por Tatiana Leskova (1º e 3º atos) e Feodorova (2º e 4º atos).Em 1961 também coreografou para um filme hollywoodiano chamado Taras Bulba, dirigido por J. Lee Thompson, gravado na Argentina. Criou a Fundação Brasileira de Balé. Porém, voltou varias vezes a trabalhar com o Theatro Municipal. Em 1974, Eugenia é convidada para dirigir a temporada de balé da Ópera de Berlim, estrelada por Maia Plissetskaia. Em 1980, foi eleita vice-presidente do Conselho Brasileiro de Dança, filiado ao Conseil International de la Danse da Unesco, sediado em Paris. Neste mesmo ano, deu curso no Joffrey Ballet, em Nova York. Tornou-se consultora do setor de balé da Rede Globo. Foi homenageada com diversos prêmios, como Medalha de Ouro da Associação de Críticos Teatrais, Prêmio TV Tupi de Melhor Coreógrafa, Trofeu Nijinsky, Medalha dos 70 anos do Theatro Municipal, dentre outros. Faleceu em 16 de julho de 2007.

1954 Remontou O Quebra Nozes completo pela primeira vez no Brasil, estreado em 1956, pelo Balé do Rio de Janeiro

1959 Remontou O Lago dos Cisnes, completo, para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e demais obras, como Galo de Ouro, Grand Pas de Deux de Raymonda, Serenata para Cordas, Entre Deux Rondes, Suite de Bergamasque, Noite de Walpurgis e La Bayadè re.

1961 Coreografou, junto de Tatiana Leskova, O Descobrimento do Brasil. Coreografou ainda para um filme hollywoodiano chamado Taras Bulba

Eugenia Feodorova – A Dança da Alma Russa | Maribel Portinari | Série Memória | Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro, 2001

(Pesquisa SPCD) 13

Atualizado (MAIO 2020)