Dança em Rede
Maria Olenewa
- Categoria: Profissionais da dança
- País de origem: Rússia
- Cidade de origem: Moscou
- Atividade: Bailarina
- Atividade: Coreógrafa
- Data de nascimento: 1896-03-18
- Data de falecimento: 15/05/1965
Histórico
Maria Olenewa nasceu em 18 de março de 1896, em Moscou, na Rússia. Logo quando criança iniciou seus estudos na Academia de Danças Nelidowa. Sua estreia profissional aconteceu mais tarde, na Ópera de Zemina.
Fugindo da Revolução Russa, Olenewa teve que se mudar para Paris, junto com seus pais, onde aperfeiçoou sua técnica e começou a dançar no Théâtre des Champs-Elysées, integrando a companhia de ópera e balé de Maria Kousnezoff. Foi lá que Olenewa despertou a atenção de Anna Pavlova, que a transformou em primeira bailarina de sua companhia.
Chegou ao Brasil em 1918, junto com a Companhia de Anna Pavlova, para se apresentar na temporada lírica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o mesmo onde ela ajudaria a construir a história do balé clássico no País. Em 1921, Olenewa e Pierre Michailowsky eram destaques da temporada. Dançou o papel de Egyptien, em Aída, e de Meio-Dia, em A Dança das Horas, da ópera La Gioconda, de Ponchielli. Olenewa dançou ainda com destaque em Príncipe Igor, Danse d’Anitra, Le Mirage e interpretou Chiarina, do Carnaval, de Fokine.
A bailarina voltou ao Brasil em 1923 com status de estrela. Desta vez, seu partner era Ricardo Nemanoff. Dançou novamente na temporada lírica do Municipal. Dona de uma técnica soberba, Olenewa chamou a atenção com suas participações nas óperas Salomé (na Dança dos Sete Véus), de Richard Strauss e Aída, de Verdi. No mesmo ano, Olenewa também vai a Buenos Aires, na Argentina, na temporada de espetáculos do Teatro Colón. O mesmo acontece em 1924. Assim como viria a acontecer no Brasil, a presença da bailarina em solo portenho foi divisora de águas para o balé clássico argentino.
Além de dançar, Olenewa e Nemanoff deveriam ensinar balé a um grupo de alunos dentro do teatro. Foi responsável pela criação oficial, em 1925, do balé estável.
Olenewa volta à cena brasileira em 1926 quando, junto com o ator Pinto Filho, esteve à frente de mais um mergulho no teatro de revistas. A companhia, que levava seu nome, estreou no Teatro João Caetano, em abril daquele ano, com a peça Excelsior, formada pelas coreografias Ouro Vermelho, Cabaré e A Morte do Cisne. O elenco reunia Olenewa, Nemanoff e as Academy Girls (grupo do qual faziam parte as irmãs Carbonell, as espanholas Loreto, Luísa e Maria).
A mesma trupe apresentou em seguida Vitória-Régia, formada pelas coreografias Amor de Cigano, Minueto, Dança dos Sete Véus e Bacanal.
Em 1927, surge a Escola de Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, primeira escola de danças em território brasileiro, e Olenewa estava à frente, disposta a sistematizar o estudo de balé, preparando profissionais para a temporada lírica do Municipal. Seis meses depois, os alunos começaram participando da temporada lírica e em 19 de novembro fizeram seu primeiro espetáculo inteiro de balé. Não poupou esforços para que o espetáculo saísse a contento.
Sem qualquer ajuda financeira do Governo, ela arcou sozinha com as despesas da apresentação, incluindo os cachês dos músicos, a impressão dos programas, o pagamento de porteiros e assistentes de palco. Para isso, sem dinheiro, Olenewa foi capaz de penhorar suas joias e até objetos de sua casa.
Em 1928, seu amigo, Nemanoff assumiu a direção da escola quando a bailarina foi obrigada a afastar-se por problemas nos pulmões. Vai à Suíça em busca de melhoras e permanece por dois anos. Luísa Carbonell também ficou a frente da escola. A ausência da mestra e as mudanças dentro do grupo refletem-se na falta de apresentações para o grande público em 1928 e 1929.
Olenewa voltou com toda a força e curada em 1930 e reasumiu a direção da escola de balé.
Em 1932, o repertório do grupo aumentou e, no espetáculo de novembro, foram dançados divertissements criados pela própria Olenewa, assim como Vitrine Encantada e Ritmo das Ondas. Olenewa permaneceu como primeira-bailarina do grupo, que tinha entre as alunas as futuras atrizes Bibi Ferreira e Eva Todor.
Em 1935, Olenewa encerra sua carreira como bailarina e se dedica exclusivamente à formação de seus discípulos.
Nove anos depois, em 1936, nasce o Corpo de Baile do Theatro Municipal. A primeira apresentação aconteceu no ano seguinte composta por Petrouchka, Bazar de Bonecos, Imbapara, Les Sylphides, El Amor Brujo, Capricho Gitano, entre outros.
Para a apresentação de 1940, o grupo teve a sua primeira temporada oficial. Para a empreitada, Olenewa recebeu ajuda de Vaslav Veltchek, coreógrafo tcheco do Teatro Chatelet e da Ópera Comique de Paris. Neste ano, Olenewa montou Amaya, Príncipe Igor, Daphnis et Chloé e Folhas de Outono.
Em 1942, Olenewa foi afastada do Municipal e acionada na Justiça. Famosa por seu temperamento rígido, a coreógrafa puniu fisicamente duas alunas que chegaram atrasadas num espetáculo e, por causa de sua atitude intempestiva, foi acionada na Justiça pelos pais das moças, sendo imediatamente afastada do comando da companhia. Olenewa foi exonerada do cargo em 17 de abril de 1943. Em seu lugar ficou Yuco Lindberg, que recebeu ajuda de Veltchek. Chegou a ser acusada ainda de espiã comunista.
Logo depois de sua exoneração, Olenewa muda-se para São Paulo e recomeça sua vida profissional. Assumiu a direção da Escola de Bailados do Theatro Municipal de São Paulo por cinco anos. Em 1948, deixa a companhia para montar sua própria escola. No ano seguinte, Olenewa criou uma companhia, a São Paulo Balé, para uma turnê pelo Norte e Nordeste com o intuito de divulgar a dança clássica para o público leigo.
Em 1952, a coreógrafa comemora seu jubileu de prata no ensino da dança com um espetáculo no antigo Teatro Santana. Ela cria o balé Evolução, em homenagem ao IV Centenário. Ela monta ainda, para o Municipal do Rio de Janeiro, Evocação de Duas Êpocas.
Em 1965, devido a um diagnóstico médico interpretado erroneamente a levou ao desespero total e, em seguida à morte. Acreditando ser portadora de um câncer, Olenewa se suicidou em 15 de maio de 1965, aos 69 anos. A bailarina atirou-se da janela de seu apartamento, no sétimo andar. A Escola do Theatro Municipal do Rio de Janeiro passou a se chamar Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, em homenagem à mestra.
Fugindo da Revolução Russa, Olenewa teve que se mudar para Paris, junto com seus pais, onde aperfeiçoou sua técnica e começou a dançar no Théâtre des Champs-Elysées, integrando a companhia de ópera e balé de Maria Kousnezoff. Foi lá que Olenewa despertou a atenção de Anna Pavlova, que a transformou em primeira bailarina de sua companhia.
Chegou ao Brasil em 1918, junto com a Companhia de Anna Pavlova, para se apresentar na temporada lírica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o mesmo onde ela ajudaria a construir a história do balé clássico no País. Em 1921, Olenewa e Pierre Michailowsky eram destaques da temporada. Dançou o papel de Egyptien, em Aída, e de Meio-Dia, em A Dança das Horas, da ópera La Gioconda, de Ponchielli. Olenewa dançou ainda com destaque em Príncipe Igor, Danse d’Anitra, Le Mirage e interpretou Chiarina, do Carnaval, de Fokine.
A bailarina voltou ao Brasil em 1923 com status de estrela. Desta vez, seu partner era Ricardo Nemanoff. Dançou novamente na temporada lírica do Municipal. Dona de uma técnica soberba, Olenewa chamou a atenção com suas participações nas óperas Salomé (na Dança dos Sete Véus), de Richard Strauss e Aída, de Verdi. No mesmo ano, Olenewa também vai a Buenos Aires, na Argentina, na temporada de espetáculos do Teatro Colón. O mesmo acontece em 1924. Assim como viria a acontecer no Brasil, a presença da bailarina em solo portenho foi divisora de águas para o balé clássico argentino.
Além de dançar, Olenewa e Nemanoff deveriam ensinar balé a um grupo de alunos dentro do teatro. Foi responsável pela criação oficial, em 1925, do balé estável.
Olenewa volta à cena brasileira em 1926 quando, junto com o ator Pinto Filho, esteve à frente de mais um mergulho no teatro de revistas. A companhia, que levava seu nome, estreou no Teatro João Caetano, em abril daquele ano, com a peça Excelsior, formada pelas coreografias Ouro Vermelho, Cabaré e A Morte do Cisne. O elenco reunia Olenewa, Nemanoff e as Academy Girls (grupo do qual faziam parte as irmãs Carbonell, as espanholas Loreto, Luísa e Maria).
A mesma trupe apresentou em seguida Vitória-Régia, formada pelas coreografias Amor de Cigano, Minueto, Dança dos Sete Véus e Bacanal.
Em 1927, surge a Escola de Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, primeira escola de danças em território brasileiro, e Olenewa estava à frente, disposta a sistematizar o estudo de balé, preparando profissionais para a temporada lírica do Municipal. Seis meses depois, os alunos começaram participando da temporada lírica e em 19 de novembro fizeram seu primeiro espetáculo inteiro de balé. Não poupou esforços para que o espetáculo saísse a contento.
Sem qualquer ajuda financeira do Governo, ela arcou sozinha com as despesas da apresentação, incluindo os cachês dos músicos, a impressão dos programas, o pagamento de porteiros e assistentes de palco. Para isso, sem dinheiro, Olenewa foi capaz de penhorar suas joias e até objetos de sua casa.
Em 1928, seu amigo, Nemanoff assumiu a direção da escola quando a bailarina foi obrigada a afastar-se por problemas nos pulmões. Vai à Suíça em busca de melhoras e permanece por dois anos. Luísa Carbonell também ficou a frente da escola. A ausência da mestra e as mudanças dentro do grupo refletem-se na falta de apresentações para o grande público em 1928 e 1929.
Olenewa voltou com toda a força e curada em 1930 e reasumiu a direção da escola de balé.
Em 1932, o repertório do grupo aumentou e, no espetáculo de novembro, foram dançados divertissements criados pela própria Olenewa, assim como Vitrine Encantada e Ritmo das Ondas. Olenewa permaneceu como primeira-bailarina do grupo, que tinha entre as alunas as futuras atrizes Bibi Ferreira e Eva Todor.
Em 1935, Olenewa encerra sua carreira como bailarina e se dedica exclusivamente à formação de seus discípulos.
Nove anos depois, em 1936, nasce o Corpo de Baile do Theatro Municipal. A primeira apresentação aconteceu no ano seguinte composta por Petrouchka, Bazar de Bonecos, Imbapara, Les Sylphides, El Amor Brujo, Capricho Gitano, entre outros.
Para a apresentação de 1940, o grupo teve a sua primeira temporada oficial. Para a empreitada, Olenewa recebeu ajuda de Vaslav Veltchek, coreógrafo tcheco do Teatro Chatelet e da Ópera Comique de Paris. Neste ano, Olenewa montou Amaya, Príncipe Igor, Daphnis et Chloé e Folhas de Outono.
Em 1942, Olenewa foi afastada do Municipal e acionada na Justiça. Famosa por seu temperamento rígido, a coreógrafa puniu fisicamente duas alunas que chegaram atrasadas num espetáculo e, por causa de sua atitude intempestiva, foi acionada na Justiça pelos pais das moças, sendo imediatamente afastada do comando da companhia. Olenewa foi exonerada do cargo em 17 de abril de 1943. Em seu lugar ficou Yuco Lindberg, que recebeu ajuda de Veltchek. Chegou a ser acusada ainda de espiã comunista.
Logo depois de sua exoneração, Olenewa muda-se para São Paulo e recomeça sua vida profissional. Assumiu a direção da Escola de Bailados do Theatro Municipal de São Paulo por cinco anos. Em 1948, deixa a companhia para montar sua própria escola. No ano seguinte, Olenewa criou uma companhia, a São Paulo Balé, para uma turnê pelo Norte e Nordeste com o intuito de divulgar a dança clássica para o público leigo.
Em 1952, a coreógrafa comemora seu jubileu de prata no ensino da dança com um espetáculo no antigo Teatro Santana. Ela cria o balé Evolução, em homenagem ao IV Centenário. Ela monta ainda, para o Municipal do Rio de Janeiro, Evocação de Duas Êpocas.
Em 1965, devido a um diagnóstico médico interpretado erroneamente a levou ao desespero total e, em seguida à morte. Acreditando ser portadora de um câncer, Olenewa se suicidou em 15 de maio de 1965, aos 69 anos. A bailarina atirou-se da janela de seu apartamento, no sétimo andar. A Escola do Theatro Municipal do Rio de Janeiro passou a se chamar Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, em homenagem à mestra.
Trabalhos
Dançou Aída, La Gioconda, Príncipe Igor, Danse d’Anitra, Le Mirage, Carnaval, Dança dos Sete Véus (Ópera Salomé). Les Sylphides, dentro outros. Coreografou Vitrine Encantada, Ritmo das Ondas, O Maracatu do Chico Rei, Amaya, Príncipe Igor, Daphnis et Chloé, Folhas de Outono, Evolução e Evocação de Duas Êpocas, entre outras obras.
Bibliografia
Maria Olenewa – A Sacerdotisa do Ritmo | Adriana Pavlova | Coleção Série Mémoria | Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, 2001
Links
(Pesquisa SPCD) 18